Na natureza tudo se transforma. O resto daquilo que se decompõe ajuda a manter a vida no planeta. Mas enquanto a natureza se mostra eficiente em reaproveitamento e reciclagem, os homens estão apenas começando a entender este processo.
Esta semana, uma nova série de reportagens do RJTV vai mostrar os problemas causados pelo excesso de lixo no meio ambiente. Flagrantes do desperdício e do descaso. Você vai ver também o que tem mudado na mentalidade de tratar o lixo. E o que é possível fazer para que o meio ambiente não fique ainda mais poluído.
Nos grandes centros urbanos, cada habitante produz, em média, um quilo de lixo diariamente. A partir de hoje, na série "O lixo de cada dia" você vai ver que é possível aproveitar grande parte de tudo o que a gente joga fora e evitar que o lixo se deteriore em reservatórios, contaminando o meio ambiente.
O ar, a água e o solo podem ficar menos poluídos e a qualidade de vida da população melhora: essa idéia é fácil de entender.
"Para o mundo não ficar cheio de lixos, sem oxigênio e também para salvar vidas", Bernardo, de 7 anos, enumera as vantagens da reciclagem.
A decomposição do lixo na natureza acontece de forma lenta. Por exemplo:
Papelão: leva de 3 a 6 meses
Tecidos: entre 6 meses e 1 ano
Goma de mascar: 5 anos
Vidro: 1 milhão de anos
Aproveitar bem o lixo pode significar redução no consumo de energia, gasta-se menos com a reciclagem e novos empregos podem surgir. Mas tudo depende de uma consciência ecológica que começa dentro de casa.
A nutricionista aposentada Sueli Dourado explica que é preciso selecionar o lixo.
"Nesse saco, por exemplo, já está o lixo orgânico: restos de comida. Na sua grande maioria, é isso, sobra de comida na pia e nos pratos é o lixo orgânico. Em outro saco, colocamos apenas papéis. Em um terceiro saco, tudo o que for material plástico", ensina Sueli.
Essa separação facilita o tratamento dos detritos na hora do material ir para a reciclagem. A família Zacharias segue o mesmo exemplo. Os filhos também participam do trabalho.
"Já faz parte da rotina. Eu me sinto superbem, porque estou ajudando a não poluir mais", acredita
Cláudia Zacharias, dona de casa.
Essas famílias vivem num condomínio em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Uma pequena cidade: são 700 apartamentos e três mil moradores. Ali, a coleta seletiva do lixo é feita há um ano e já produziu empregos e lucros.
"Eu seleciono garrafa de plástico, papelão, alumínio, ferro, ai eu faço a pesagem e a anotação. Dá pra ganhar dinheiro com o lixo. O que dá mais dinheiro é o alumínio", constata Cristiano da Silva, catador.
"Nós arrecadamos, em média, R$ 1 mil por mês. Compramos um televisor de 33 polegadas, um DVD, e no natal demos cestas de Natal para 194 funcionários. Para todos os funcionários", comemora Sônia Lessa, síndica.
No Rio, a Comlurb faz a coleta seletiva em 22 bairros. Mais de 500 toneladas de material reciclável são levadas para duas centrais de separação. Dali também sai matéria-prima para vários setores da indústria. Foram 130 pessoas a ganhar um emprego.
"Quanto mais a gente produz, mais a gente ganha", explica Fabiana da Silva, cooperada.
"É aquele ditado 'de grão em grão a galinha enche o papo'", observa outra cooperada.
"Se cada um fizer um pouquinho, a gente chega lá", acredita um catador.Fonte:http://rjtv.globo.com/Jornalismo/RJTV/0,,MUL113837-9107,00.html